Foto Sara

Conjuntos Florestan Fernandes e José Maria Amaral

 

Os Conjuntos Habitacionais José Maria Amaral e Florestan Fernandes são compostos por 396 apartamentos e fazem parte do Programa Federal – Minha Casa Minha Vida – Entidades, uma modalidade que permite que os recursos de projeto e construção sejam administrados diretamente pelo Movimento Social. O projeto foi elaborado pela Ambiente, com a participação direta dos futuros moradores através de compreensão do espaço; compreensão de custos, respeitando as características e anseios do grupo. Este processo resultou num projeto com; 8 edifícios de 8 à 15 pavimentos; elevadores; planta flexível; 58m² de área construída por apartamento; acessibilidade universal e inclusiva; áreas de convivência e um equipamento comunitário que poderá atender ao bairro.

O projeto esta situado na cidade de São Paulo, num bairro periférico bem consolidado, porém com infraestrutura urbana precária. A região é caracterizada por conjuntos habitacionais populares construídos por iniciativas governamentais, com desenhos urbanísticos e arquitetônicos de pouca qualidade. Neste contexto, se propõe estabelecer um diálogo harmônico com o bairro, mas sem reproduzir a arquitetura existente, demonstrando boas alternativas de projetar habitação social.

A construção teve início em outubro de 2013, no entanto o processo para a viabilidade do Conjunto foi iniciado em 2009 com a disputa pelo acesso à terra. Em 2010 o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra Leste 1 em parceria com a Ambiente protagonizaram a primeira compra antecipada do Brasil, enfrentando de forma inédita as burocracias e dificuldades impostas pelo Programa, propondo um empreendimento que servisse de enfrentamento à produção do mercado e do Estado.

A obra conta com administração direta do Movimento social, da Assessoria e das famílias envolvidas através de grupos de trabalho. Os grupos são autogeridos de acordo com as necessidades do canteiro; realização de orçamentos, prestação de contas, prevenção de acidentes, dentre outros.

Durante a semana (segunda a sexta feira) a construção conta com a mão de obra especializada, realizada por pequenas empreiteiras contratadas, colaborando e estimulando a economia local. Com a ausência do papel da construtora e do objetivo de lucro financeiro, é possível adquirir materiais de melhor qualidade e construir os apartamentos acima da área mínima permitida pelo Programa -42m², habitualmente adotada pela construção civil convencional para a mesmo setor ( Faixa 1- renda familiar de até R$ 1.600,00). Neste contexto, entende-se que o lucro imobiliário sai das mãos dos empresários e passa para as famílias envolvidas, revertido em qualidade de projeto e materiais.

Aos finais de semana as famílias envolvidas no projeto se organizam para realizar tarefas em mutirão, trabalho técnico social e assembleias mensais. Mais do que construir casas a prioridade é construir organização comunitária e a valorização da luta coletiva.

A conclusão esta prevista para o início de 2018. Esta experiência, ainda que pequena, da construção do território é um exemplo real e representa outra forma de produção habitacional. A complexidade arquitetônica, com presença de passarelas, pavimentos altos, elevadores e um viário improvável contribuem para que esta experiência adquira alguns aspectos particulares. O envolvimento de muitas famílias no processo de gestão também é um desafio atual, posto a necessidade de adensamento dos conjuntos habitacionais na cidade de São Paulo e consequentemente a complexidade da gestão condominial.

 

 

Texto: Renata Miron em parceria com Isabel Cabral e Thaís Velasco

gif animado com propostas de projeto

Propostas do projeto.

Reunião com as famílias.

Figura 01. Reunião com as famílias.

prédios em processo de construção.

Figura 02. Prédios em processo de construção.

Pessoas implantando jardim vertical em muro.

Figura 03. Elaboração do jardim no muro de divisa entre o projeto e a rua.

prédios em processo de construção.

Figura 04. Prédios e via em processo de construção.

elemento vazado

Figura 05. Detalhes construtivos do centro comunitário.

elementos vazados

Figura 06. Detalhes construtivos.